terça-feira, 7 de setembro de 2010

Terra de Gigantes
Lembro de ele, correr, brincar e com toda ternura em minha bochecha grudar seus lábios úmidos, de caldo de cana, naquela rua que nós dois gostávamos de chamar de “terra de gigantes”. Era mágico.
Seria mais fácil como todo mundo faz, mas nós vibrávamos em outra freqüência, gostávamos daquilo o qual nenhuma criança gostava, éramos o contrario da imagem bonita e fofa dos pequeninos comportados, e exatamente na “terra de gigantes” podíamos fazer tudo, imaginável e inimaginável. Um sonho.
Sonhávamos acordados deitados no terreno baldio do lado do bar do Sr Joãozinho. Dividíamos, balas, pirulitos, chicletes e chocolates. Eu o amava. Era tanta amizade que os outros pirralhos nos invejavam, e isso nos dava mais força. Super-heróis .
Quando o relógio, do Batman, que ele carregava no pulso direito, soava 6 vezes, corríamos para perto da linha de trem esperando o maquinista apitar, para podermos dançar, ridiculamente, e depois rolar ladeira abaixo até o riacho azul. Riamos muito.
O tempo passou e uma briga, tola, nos separou, hoje nos resta as lembranças e a sombra do sorriso que eu deixei em uma das ruas da minha infância .